Clive Rowlands, scrum da união de rugby

Alimentado por um apaixonado orgulho nacional, ele conquistou títulos das Cinco Nações como jogador e treinador

Clive Rowlands, que morreu aos 85 anos, foi capitão do time de rugby do País de Gales em sua estreia em 1963, após o que liderou o time como meio-scrum em mais 13 partidas. Durante esse período, o País de Gales dividiu o campeonato das Cinco Nações com a Escócia em 1964 e conquistou o título em 1965.

Em poucos anos, ele estava treinando o País de Gales para novos triunfos, levando-os ao primeiro Grand Slam das Cinco Nações em 19 anos, em 1971, e lançando as bases para a grande era do rugby galês na década de 1970. Mais tarde, ele comandou o País de Gales na Copa do Mundo de 1987 e os Leões Britânicos e Irlandeses na Austrália em 1989.

Uma das chaves do sucesso de Rowlands foi seu apaixonado orgulho nacional. O zagueiro Barry John, que jogou sob seu comando, relembrou uma conversa pré-jogo contra a Inglaterra em Twickenham, na qual Rowlands deliberadamente colocou os jogadores em uma pequena sala para aumentar o drama de sua mensagem.

“Em vez do jogo, ele apenas falou sobre o País de Gales – o que isso significa, por que vencer a Inglaterra é tão importante para o povo”, disse John. “Depois de nos deixar fascinados por alguns minutos, ele acabou enfatizando quanto apoio estávamos recebendo em casa. 'Até os cães estão latindo em galês hoje', disse ele.”

Intenso, excitável e bem-humorado, Rowlands era um homem gregário, emotivo, entusiasmado e um estudioso aguçado dos aspectos psicológicos do rugby. Embora ele tenha tido a sorte de treinar numa época em que a seleção galesa estava repleta de talentos, sua contribuição para o brilho livre nunca foi subestimada por ninguém ligado ao jogo.

Daniel Clive Thomas Rowlands nasceu em 14 de maio de 1938 na vila de Upper Cwmtwrch, de língua galesa, na extremidade sudoeste de Brecon Beacons, filho de Tom, um mineiro de carvão, e sua esposa, Rachel, nascida Protheroe. Foi uma educação difícil: dois de seus quatro irmãos morreram jovens, de difteria e tuberculose, e seu pai sucumbiu à pneumoconiose causada pela doença dos mineiros quando Clive tinha 10 anos, deixando sua mãe criar os três filhos restantes com seus escassos ganhos como trabalhadora. secretária em uma fábrica de relógios.

Clive também contraiu tuberculose aos oito anos e foi enviado para o sanatório Craig y Nos, nas proximidades, um lugar sombrio onde as crianças eram frequentemente submetidas a procedimentos médicos traumatizantes. Certa vez, depois de quebrar uma janela do hospital com uma bola de rúgbi, ele foi colocado em uma camisa de força por vários dias como punição.

Uma transferência para o hospital Highland Moors em Llandrindod Wells pelo menos trouxe uma forte recuperação, e na Maesydderwen Grammar School em Ystradgynlais ele se tornou robusto o suficiente para fazer seu nome no campo de rugby, representando a equipe da escola galesa em 1956 em uma turnê para África do Sul, para a qual os residentes de Upper Cwmtwrch fizeram uma grande campanha para lhe comprar um roupão.

Demonstrando habilidades de liderança desde cedo, após o Serviço Nacional na RAF fez formação de professores no Cardiff Training College e tornou-se capitão do time de rugby da faculdade, atuando também pelo Abercraf e Llanelli. Depois disso, enquanto trabalhava como professor de educação física na escola Coed Eva em Cwmbran, ele se juntou ao clube de Pontypool e foi nomeado capitão em 1962, mesmo ano em que se casou com sua namorada de infância, Margaret Jeffreys, uma enfermeira e experiente seguidora de rugby.

Quando Rowlands foi escolhido como capitão do País de Gales no ano seguinte, Margaret, questionada sobre o que achava da convocação do marido, disse ao jornal Western Mail: “Não acho que ele tenha feito o suficiente”.

Apesar do ceticismo conjugal, sua estreia – e primeiro jogo no comando – aconteceu no Campeonato das Cinco Nações contra a Inglaterra, em janeiro de 1963, em um campo gelado no Cardiff Arms Park, terminando com uma derrota por 13-6. Rowlands não gostou de perder, principalmente para a Inglaterra, e logo mostrou que estava preparado para fazer o que fosse necessário para conseguir uma vitória.

No mês seguinte, contra a Escócia em condições lamacentas em Murrayfield, ele decidiu se concentrar em ganhar posição em campo chutando fichas para tocar cada vez que pegava a bola, resultando em um total incrível de 111 alinhamentos laterais na partida. Foi triste para os espectadores, mas Rowlands declarou-se feliz com a tática, pois obteve uma vitória fora de casa por 6 a 0.